Foi numa casa de um cômodo de pau a pique com barro batido nas paredes
- Leo

- 24 de mai. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de set.
que nasci no dia 24/05/1970.

Ficava a uns 200 metros do rio Itacambiraçú.
Minha mãe teve ajuda de parteiras que eram suas amigas. Tudo correu bem seguindo a natureza.
Fico agora que sou madura, que sou mãe também e tive todo suporte de quem vive na cidade grande e que paga convênio médico, a imaginar esta mulher sozinha com uma bebê no meio do mato, a parteira deve ter passado a noite para ajudar minha mãe, não lembro dessa parte quando ela me contava. Os vizinhos mais próximos ficavam a 200 metros e tinha mato e um caminho batido.
Era de madrugada quando minha mãe me trouxe à vida! Nos dias seguintes ao meu nascimento, chamados de resguardo, também não lembro, mas alguém esteve perto dela pra ajudar. Meu pai não participou deste momento, não tinha compreensão da riqueza que ele e minha mãe tinham feito, eu né. Também imagino que nestes primeiros dias, as amigas traziam almoço e janta, pois ela tinha muito leite e precisava ficar forte pois eu peguei no peito fácil.
Minha mãe já tinha um filho que estava com uns 13 anos quando nasci. Ela me disse que era doidinha pra ter uma filha, então ela ficou realizada com minha chegada.
As condições eram muito precárias na casa da minha mãe e em volta, digo a casa dos vizinhos também , mas a casa da minha era a mais precária.
Minha mãe trabalhava na roça junto com meu irmão. E logo ela voltou pra roça me levando junto. Eu ficava dentro de um balaio na sombra da vegetação e meu irmão e minha mãe estavam sempre olhando para mim. Meu irmão disse que às vezes ele espantava as formigas que subiam em mim.
Eu fui crescendo e quando já andava firme, por volta dos 2 anos, sai de casa e fui pelo caminho batido que dava na casa da Tiotonia, passando por dentro do curral onde tinha uma vaga com o seu bezerro recém nascido, e pronto tava dentro da casa. Minha mãe, tia Tiotona, tio Antônio Cardoso, Rosalvo, Dé e quase todos que viviam ali na beira do rio, diziam que foi um acontecimento esta minha façanha sem que a vaca não tivesse me atacado. Contavam que ficaram pasmos pois a vaca quando está com o seu bezerro recém nascido ataca quem chega perto.
Esta história ouvi várias vezes de várias pessoas e sempre me deixava feliz. Todos gostavam de mim. Quando com 18 anos fiz este percurso fiquei emocionada.
Até os dois anos de idade, o meu quintal era desde a minha casa até a manga a perder de vista de um lado e do outro o rio largo e caudaloso. Chegou uma hora que meu banho era neste rio, assim como era da minha mãe, do meu irmão, dos vizinhos, de todo mundo.
Sempre com o canto dos passarinhos e corujas à volta e muito sol no coco da cabeça o tempo todo!
Minha mãe dizia que a vida ali era com muita dificuldade. Mas para uma garotinha de 2 anos era divertido.
Tudo que escrevi foi minha mãe que me contava. Ouvi muitas e muitas vezes esta história e tantas outras.
Minha mãe me dá um orgulho danado de ter sido gerada e criada por ela! Que mulher!! Corajosa!! Guerreira! Ela criou 4 filhos com trabalho árduo e honesto!
Minha mãe me dar um orgulho danado de ter sido gerada e criada por ela! Que mulher!! Corajosa!! Guerreira! Ela criou 4 filhos com trabalho árduo e honesto!
O nome da minha mãe é Aurelina Rodrigues da Silva. Está é uma homenagem a ela.


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